Recentemente, a OCDE veio relançar a discussão entre o nível salarial e o nível de produtividade no Compêndio de Indicadores de Produtividade.
Defende que o crescimento do emprego, derivado do recente crescimento económico em muitos países da OCDE, está a ser impulsionado pela criação de postos de trabalho em atividades de baixa produtividade, tendo como consequência a redução dos salários médios reais nos últimos anos.
A produtividade é um key performance indicator (KPI) comum e amplamente utilizado para medir a eficiência, eficácia e efetividade das organizações ou até de países, em termos de desempenho. É um conceito económico e de gestão perfeitamente solidificado, desenvolvido pelo economista Quesnay em 1766, mas que atualmente tem aplicações diversas. Em termos práticos, mede a relação entre a produção e os fatores produtivos (pessoas, máquinas, terrenos, matérias-primas, capital, entre outros). A produtividade será maior quanto maior for a relação entre a produção e fatores produtivos.
Das quatro tarefas básicas de gestão, a organização é a tarefa menos explorada nas suas potencialidades de análise e estudo. Existem inúmeros trabalhos técnicos e científicos no que se refere à liderança, ao planeamento e ao controlo. Mas, a organização é onde reside o método e a essência operacional e onde se torna mais criativo e aplicado o trabalho do gestor. As leituras dos valores da produtividade e da sua evolução permitem diversas ilações económicas e de gestão, permitindo avaliar a capacidade de uma organização em produzir e o respetivo grau de aproveitamento/utilização dos recursos em que a rentabilidade será tanto melhor quanto maior a produtividade e vice-versa.
A nível macroeconómico, a produtividade pode explicar o desempenho de um país ou região, mas a nível microeconómico avalia a eficiência de uma empresa. Trata-se de otimizar a alocação dos recursos existentes ou possíveis de obter aos objetivos da empresa. Aqui reside todo o sucesso e a iniciativa de um gestor. A monitorização de eventuais aumentos de produtividade terá uma relação muita mais direta com a organização dos métodos e processos de trabalho (inovação, melhor organização e afetação de tarefas e funções) do que com a quantidade de horas de trabalho ou com a quantidade de fatores produtivos afetos. Organizar departamentos, fluxos de informação e decisão e a quantidade de recursos ótima para cada tarefa e função, permite reduzir custos e aumentar a produção.
O Luxemburgo é tido como o melhor exemplo da produtividade europeia e Portugal um dos piores. Pior ainda, trabalham-se em média mais horas em Portugal do que no Luxemburgo. Curioso ainda será observar que mais de 30% da população ativa do Luxemburgo são portugueses… Os processos e métodos de gestão e organização do trabalho é que são muito diferentes!
Artigo publicado a 20/07/2018 em Link to Leaders